Abusos e maus tratos na terceira idade
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Abusos e maus tratos na terceira idade

O abuso e os maus tratos aos mais velhos não são um problema da sociedade atual, existe desde a antiguidade. É um problema que muitas das vezes era mantido em segredo e ocultado da sociedade, contundo, ao longo dos tempos esta situação tem sido alterada. Apesar dos casos de abusos e maus tratos serem cada vez mais divulgados, nunca será possível saber aos certos o número real das vítimas de violência, uma vez que, muitos dos casos só se tornam públicos em situações extremas.

Segundo o Boletim Informativo de Violência e Saúde da OMS (2002), 4 a 6% dos idosos declaram ter sofrido de violência doméstica. A violência contra os mais velhos pode ser traduzida tanto em ações como em omissões. A Organização Mundial de Saúde (OMS) (2002) define maus tratos como: “ A ação única ou repetida, ou a falta de resposta apropriada, que ocorre dentro de qualquer relação onde exista uma expetativa de confiança e a qual produza dano ou angústia a uma pessoa idosa. Pode ser de vários tipos: físico, psicológico/emocional, sexual, financeiro ou simplesmente refletir um ato de negligência intencional ou por omissão”.

O Relatório de Prevenção contra os Maus Tratos a Idosos da OMS (2011) demonstra que, em Portugal, 39,4% dos idosos são vítimas de maus tratos. Revelou que 32,9% são vítimas de abusos psicológicos, 16,5% vítimas de extorsão, 12,8% são sujeitos à violação dos seus direitos, 9,9% vítimas de negligência, 3,6% sofrem abusos sexuais e 2,8% são vítimas de violência física.

Os abusos e maus tratos aos idosos podem ocorrer na comunidade, instituições e dentro do seio familiar. Originando sofrimento, violação dos direitos humanos e uma redução da qualidade de vida da vítima.

Diferentes tipos de violência:

  • violência emocional: qualquer comportamento do(a) companheiro(a) que visa fazer o outro sentir medo ou inútil. Usualmente inclui comportamentos como: ameaçar os filhos; magoar os animais de estimação; humilhar o outro na presença de amigos, familiares ou em público, entre outros.
  • violência social: qualquer comportamento que intenta controlar a vida social do(a) companheiro(a), através de, por exemplo, impedir que este(a) visite familiares ou amigos, cortar o telefone ou controlar as chamadas e as contas telefónicas, trancar o outro em casa.
  • violência física: qualquer forma de violência física que um agressor(a) inflige ao companheiro(a). Pode traduzir-se em comportamentos como: esmurrar, pontapear, estrangular, queimar, induzir ou impedir que o(a) companheiro(a) obtenha medicação ou tratamentos. 
  • violência sexual: qualquer comportamento em que o(a) companheiro(a) força o outro a protagonizar actos sexuais que não deseja. Alguns exemplos: pressionar ou forçar o companheiro para ter relações sexuais quando este não quer; pressionar, forçar ou tentar que o(a) companheiro(a) mantenha relações sexuais desprotegidas; forçar o outro a ter relações com outras pessoas.
  • violência financeira: qualquer comportamento que intente controlar o dinheiro do(a) companheiro(a) sem que este o deseje. Alguns destes comportamentos podem ser: controlar o ordenado do outro; recusar dar dinheiro ao outro ou forçá-lo a justificar qualquer gasto; ameaçar retirar o apoio financeiro como forma de controlo.
  • perseguição: qualquer comportamento que visa intimidar ou atemorizar o outro. Por exemplo: seguir o(a) companheiro(a) para o seu local de trabalho ou quando este(a) sai sozinho(a); controlar constantemente os movimentos do outro, quer esteja ou não em casa.

A violência contra os mais velhos é uma situação muito comum em muitas famílias, sendo o agressor residente com a vítima ou responsável pela sua prestação de cuidados. Muitas das vezes os maus tratos não são visíveis e difíceis de detetar.

A violência contra os mais velhos é um problema grave, crescente e que requer apoio para ser superado. É fundamental intervir ao nível da prevenção da violência, ao nível dos idosos, famílias, prestadores de cuidados, instituições, profissionais de saúde e comunidade, na identificação de sinais de alerta e na criação de medidas para evitar que estes prossigam.

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